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Autor

GOODFELLOW, Robin (2006). Da "Igualdade de Acesso" ao "Alargamento da Participação" :O Discurso da Equidade na Era do Ensino Electrónico. in Paraskeva, J & Oliveira, Lia. Currículo e Tecnologia Educativa, Edições Pedago, vol. 2.

 

Indicações bibliográficas

.  ISBN: 978-972-8980-75-7

. Número de páginas: 294

. Volume nº 2

 

Cap. 5

Resumo:

 

            Segundo o autor, Robin Goodeflow, na metade do século que passou desde que os princípios básicos da educação foram declarados, a quantidade de  jovens que teve acesso  a escolas e ao ensino superior aumentou consideravelmente, incidindo sobretudo nos países desenvolvidos e industrializados  como Europa Ocidental, América, Japão etc, também em alguns países em crescente desenvolvimento como a Índia e a Tailândia se notou um aumento  considerável, sendo que em África, apesar do seu lento mas progressivo desenvolvimento,  a percentagem é inferior a 10%( Gourley, 2004; Perraton, 2000: 3).

 

Comentários/ reflexões pessoais:

 

            O domínio das tecnologias e a capacidade de evolução, no ensino, pelos países desenvolvidos, poderão assim por em causa o progresso dos países que emergem nas tecnologias com algumas dificuldades, como em África, devido ao crescente poderio através da imposição de sistemas sofisticados implementados nas escolas e universidades. A  EAD (Acesso do Ensino à Distância)  que tem vindo a ser praticada pela OU (British Open University) é considerado  o modelo mais bem sucedido em relação ao seu uso na  educação à distância. Um dos principais objetivos deste processo, EAD, é permitir a melhor equidade possível dos alunos ao ensino, pelo mérito e igualdade de oportunidades.

            Apesar do movimento de expansão deste sistema, EAD, sobretudo nos países economicamente favorecidos, em que a percentagem de alunos participantes na educação Pós-obrigatória aumentou, o mesmo não acontece em famílias de rendimentos económicos mais desfavorecidos.

          Neste contexto, surgem dúvidas de que a EAD muito terá contribuído para esta limitação de acesso ao ensino superior, dos grupos economicamente marginalizados.  Tendo a OU anteriormente como prioridade apoiar a participação de pessoas, que de algum modo tenham tido o seu percurso educativo desfavorável, preocupa-se agora em “ facultar educação superior de qualidade a todos os que desejem concretizar as suas ambições e realizar o seu potencial” (OU, s.d.).

          Os discursos por parte do Reino Unido em relação às práticas do ensino e aprendizagem, promovido em particular pelas tecnologias de ensino eletrónico, continuam a referir-se  à igualdade de oportunidades, tal como a missão original da OU Britânica, mas estando implicadas nos discursos  mais abrangentes da globalização e empreendorismo (Edwards & Usher, 2000: 52), ligados a interesses comerciais  com fins lucrativos. Porém, um dos entraves à igualdade de acesso, à igualdade de participação, estão comprometidos à partida numa sociedade “Merocrática” que potencia divisões de classes sociais. Entre 1996 e 2001 a OU aumentou consideravelmente o numero de estudantes, em 2005 já contabilizava 180 000. diversidade de alunos de várias proveniências e estatutos diferentes eram já uma prática, desde alunos da prisão, alunos a estudar no estrangeiro bem como alunos com deficiência.

 

        Harris (1987), contesta esta diversidade, mencionando as desigualdades praticadas pelo, bem como de ocupações semi-profissionais do ensino, considerada profissão da classe média britânica, a sua exclusão resultava do elitismo do sistema britânico. Nos Estados Unidos nessa altura não havia qualquer tipo de educação superior em part-time e à distância. Nota-se o papel da OU neste alargamento de ensino à distância a tempo inteiro, contudo não manteve a capacidade de manter estudantes com rendimentos baixos sendo esta percentagem inferior às universidades com participação presencial. Uma das principais motivações do ingresso  por parte dos adultos trabalhadores prende-se na maior parte, para valorização profissional na sua carreira, ou de perspetivas de novos empregos, mas também interesses de ordem pessoal ou de interesses nas áreas, mas a maior parte o objetivo é a progressão na carreira.

O ensino eletrónico e o uso das tecnologias aplica-se, assim, a todos os cursos  pela OU bem como passar adiante no que diz respeito a novos métodos de ensino, alargado a alunos e professores.

        Porém esta participação on-line por parte dos estudantes, em que é à partida tida como independente e autónoma, o professor é substituído pela clássica figura autoritária, transformando-se numa figura amigável e facilitadora, assim a aprendizagem funciona como uma construção social de conhecimento, exigindo uma avaliação reguladora, para que demonstrem a sua aprendizagem.

      Neste contexto, torna-se evidente,  que o uso destas ferramentas de conhecimento, potenciam   o aumento da possibilidade de emprego numa sociedade cada vez mais exigente e sofisticada no uso das tecnologias. Assim,  Wiley (2002), acredita que os conteúdos  serão substituídos pela criação de repositórios que poderão ser utilizados por diferentes alunos, tornando-se autodidatas,  em diferentes contextos, cabendo às instituições  a  avaliação e acreditação. Se considerarmos o uso da comunicação online, na educação, à distância ainda não é abrangente a todas as pessoas, a OU reconhece que não é o seu objetivo tornar-se uma Universidade online ao contrário de outras como a University of the Nethlands. Dois dos aspetos importantes levados a cabo por parte da OU é efetivamente  aumentar a participação no foco internacional e tornar-se líder na conceção de conteúdos e prestações, almejando um importante mercado como a India e a China tornando-se fornecedor das tecnologias, bem como os objetivos sociais acordados pela UNESCO.

       Se o objetivo da OU era de tornar o acesso e a participação ao ensino superior  equitativo e diversificado, através do ensino à distancia online capazes de abarcar os mais variados setores marginalizados, implica ainda assim, esforços dos setores políticos e empresariais e os interesses comerciais de sobrevivência, pondo em causa o direito humano de cada estudante de ser educado ao nível do ensino superior.

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